terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cartas Náuticas, por Mário Ivo Cavalcanti






Romance mínimo epistolar, as Cartas Náuticas saem naturalmente incompletas. Não se sabe se por não terem sido escritas ou porque se perderam no tempo ou ambos. De certo, além da incerteza dos motivos, a certeza de que vêm de longe, e para longe foram enviadas.
Tão ridículas quanto qualquer carta de amor, não são necessariamente amorosas. Falta-lhes a leveza daquelas portuguesas de Sóror Mariana Alcoforado - "Considera, meu amor, a que ponto chegou a tua imprevidência. Desgraçado!, foste enganado e enganaste-me com falsas esperanças." Falta-lhes a trama rica de As Ligações Prigosas, e muito mais a conseqüência suicida de Os Sofrimentos do Jovem Werther.
Falta-lhes, acima de tudo, as respostas do destinatário. Que o leitor vai se dar ao trabalho de escrever.



Mário Ivo Dantas Cavalcanti nasceu em Natal, onde o Brasil acotovela a África, em três do dez de sessenta e seis. O quarto da maternidade tinha nome de flor, mas ele não lembra mais qual. É pai de Giulia e Kyma.

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