terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cartas Náuticas saem no dia 19/11

Outubro virou novembro, mas chegou. No próximo dia 19, a partir das 19h, na livraria Sicialiano (Midway Mall) as Edições Flor do Sal lançam Cartas Náuticas, livro de estréia do jornalista e escritor Mário Ivo Cavalcanti, com ilustrações de Isaias Ribeiro.
No post abaixo, há informações sobre o livro e sobre o autor. Para contatos com o escritor, use-se o e-mail marioivo@yahoo.com.br e o telefone 9955-0366.

Cartas Náuticas, por Mário Ivo Cavalcanti






Romance mínimo epistolar, as Cartas Náuticas saem naturalmente incompletas. Não se sabe se por não terem sido escritas ou porque se perderam no tempo ou ambos. De certo, além da incerteza dos motivos, a certeza de que vêm de longe, e para longe foram enviadas.
Tão ridículas quanto qualquer carta de amor, não são necessariamente amorosas. Falta-lhes a leveza daquelas portuguesas de Sóror Mariana Alcoforado - "Considera, meu amor, a que ponto chegou a tua imprevidência. Desgraçado!, foste enganado e enganaste-me com falsas esperanças." Falta-lhes a trama rica de As Ligações Prigosas, e muito mais a conseqüência suicida de Os Sofrimentos do Jovem Werther.
Falta-lhes, acima de tudo, as respostas do destinatário. Que o leitor vai se dar ao trabalho de escrever.



Mário Ivo Dantas Cavalcanti nasceu em Natal, onde o Brasil acotovela a África, em três do dez de sessenta e seis. O quarto da maternidade tinha nome de flor, mas ele não lembra mais qual. É pai de Giulia e Kyma.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Em outubro

"Cartas náuticas", de Mário Ivo Cavalcanti.

4 poemas de Ada Lima, inéditos em livro

Um poema
é o coração
a pulsar fora do corpo.



Quero a leveza
das mãos invisíveis
que suspendem os pássaros.



Daquela janela
voam acordes
em mi bemol.

Não acreditam
mas vi um anjo
invadir a casa:

é ele
que fende as cordas
do instrumento.



Os meus amigos
eu guardo
no lado esquerdo da estante.

O primeiro título infantil do selo



"Gentileza, uma menina cheia de poderes" marca a estréia do selo na edição de títulos infantis. A autora é Flor Atirupa. O livro, com tiragem de 500 exemplares, foi lançado durante feira literária no SESC-Natal e, posteriormente, em noite de autógrafos na livraria Siciliano (Midway Mall). O preço de venda é 10 reais.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Deu nO Jornal de Hoje

Do jornalista e escritor Vicente Serejo, em sua coluna nO Jornal de Hoje de 26.06:


EXEMPLO

Ao lançar três títulos e, todos eles, projetando novos nomes, Adriano de Sousa e Flávia Assaf já fizeram, numa noite, mais do que os 12 anos do governo e da prefeitura no plano editorial. É incrível.

NAVALHA

De Ada Gurgel, a Menina Gauche, herdeira de inclinações musicais, ferindo de navalha essa mesmice com seus versos cortantes: ‘Golpeia / a folha / com fúria: / a carne / do papel / não sangra’.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Deu no Substantivo Plural

Flor do Sal

Caros, quem não comprou ainda os livros da Flor do Sal, que o faça em breve. Os poemas de Ada Lima eu já conhecia e gosto desde sempre, por isso estou cá mais impressionado mesmo é com os de Márcio Simões, os doze poemetos/releitura da párabola do pastoreio zen. Coisa fina. Quando terminar de ruminar o zen, parto pra Sebastião Vicente.Rodrigo LevinoData: 26/06/2008 - Horário: 14h05min

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Poesia e experiência poética na atualidade




por Ada Lima

Os poetas de hoje têm a felicidade de não precisar seguir modelos. Graças à reação dos escritores modernistas ao parnasianismo, estamos livres da obrigação de escrever em formas fixas, catar rimas preciosas, contar as sílabas de cada verso e organizá-las conforme a tonicidade... Mais transpiração do que inspiração. Forma em primeiro lugar. Claro que houve poetas parnasianos capazes de unir conteúdo e estampa. No entanto, o culto à forma possibilitou a criação de poemas tecnicamente perfeitos, mas vazios.
Por outro lado, liberdade demais é um perigo. Há quem escreva qualquer coisa de qualquer jeito e diga que faz poesia contemporânea. Ora, liberdade não é motivo para descuido. Afinal, a poesia pode não precisar de um molde, mas tem parâmetros de qualidade. Pensemos em Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Manuel Bandeira e tantos outros que foram brilhantes, sobretudo ao escrever em versos livres, sem rimas, sem métrica. São grandes porque cumpriram o que T.S. Eliot, em seus ensaios, diz ser a tarefa do poeta: preservar a língua e aperfeiçoá-la, ao utilizá-la para exprimir os próprios sentimentos e os das outras pessoas, de tal forma que torna os leitores conscientes do que sentem, fazendo com que eles aprendam algo sobre si.
Creio que seja esta a principal característica da boa poesia. Venha em forma de soneto ou como uma união de versos livres, o poema deve fascinar o leitor. Os primeiros poetas modernos conseguiam este efeito através das dissonâncias. No livro Estrutura da lírica moderna, Hugo Friedrich aponta a “tensão dissonante” como característica essencial das artes modernas em geral. A dissonância é explicada por Friedrich como um misto de fascinação e incompreensibilidade, resultado da obscuridade do conteúdo dos textos. Conclui-se, daí, que os poetas modernos não pretendiam ser claros ou mostrar a realidade de maneira objetiva, mas chegar ao âmago do leitor. O francês Charles Baudelaire já dizia que “existe certa glória em não ser compreendido”. Ou seja: os poetas não têm obrigação alguma de comunicar, mas devem provocar o leitor, de alguma forma. Deixemos a comunicação clara e objetiva aos textos jornalísticos, por exemplo (embora nem todos cumpram tal proposta).

Não parece fácil, e não é. Nem todos os leitores estão dispostos a acostumar os olhos à novidade da poesia. Talvez seja este um dos maiores dilemas enfrentados pelos poetas, desde o desabrochar da lírica moderna. É difícil encontrar um escritor que nunca tenha ouvido algo como: “não compreendo o que você escreve, você é obscuro, parece escrever só para você”.

O fato é que um meio de criação poderoso como a poesia não precisa ser utilizado para transcrever a realidade. Um poema pode ser uma porta para outro mundo, no qual as sensações dão o tom das experiências e revelam o que não surge à primeira vista; nesse sentido, a poesia é também revelação, não do que vemos todos os dias, mas do que se esconde por trás de nossa consciência. Para tanto, é necessário entregar-se ao que o escritor e ensaísta mexicano Octavio Paz chamou de “trato desnudo do poema”. É necessário que o leitor se dê conta de que o fascínio da poesia não está em fatores externos ao texto: está na própria poesia, no encantamento produzido por cada imagem, cor ou som evocado pelas palavras. Somente assim, a experiência poética se concretiza.

Mantra




Editar livros é mais divertido que escrevê-los.

Uma crítica a "O Pastoreio do Boi"





DEZ PASSOS POÉTICOS EM BUSCA DO VÁCUO E DA PLENITUDE

Por Barbosa da Silva*


Como falar de algo que transcende as categorias do pensamento, que ultrapassa nossos sentidos e percepções comuns do mundo? De algo que contraria qualquer discurso lógico-racional e, mais que isso, esgota as palavras e esvazia o nosso inquieto pensamento? Sem dúvidas, se se quiser utilizar palavras para alcançar esse algo, a melhor maneira será através da poesia. No entanto, paradoxalmente, prosarei, num breve comentário sobre a Poesia em um poema de Márcio Simões, tentando explicitar seu caráter de sabedoria intuitiva e como uma das práticas mais genuínas de iluminação.

O Pastoreio do Boi, poema de Márcio Simões sobre uma parábola ZEN, é obra de harmonia sutil, de intuição prájnica, que surge como uma ação natural e espontânea. Poema de ruptura e meditação, re-ligação e alta percepção. Expressa e reflete a iluminação através de dez disciplinados passos. Processos da consciência – transformações psicológicas numa gradação que exige disciplina e vontade, força de espírito para o autoconhecimento e atenção permanente, coisas a que o pensamento oriental e também os verdadeiros poetas estão incondicionalmente afeitos. A iluminação aqui não é algo para se alcançar em outras vidas ou após longos períodos de renúncias, orações e mendicância ou isolando-se do mundo e das pessoas em montanhas ou mosteiros, por exemplo. A sabedoria transcendental do Zen não nos aparta do mundo, ao contrário, é a ação no cotidiano, é uma “atenção desperta”. É a ‘simples’ atenção a todo instante, é fazer tudo dando de si, sempre, o preciso. Alcançar um mais elevado estado de consciência sem afastar-se das questões do mundo. Pois, ela (a iluminação) é também o reconhecimento e a afirmação de que nós somos mais que unidades isoladas no espaço, individualidades que se unem apenas por afeto ou compreensão, nós somos e fazemos parte de um processo infinito dentro da dinâmica da vida, que une tempo e espaço, matéria e vazio. Eis a experiência Mística, espiritual, ou como chamam no Oriente, samadhi e satori.

Com um tão humano propósito, esse poema de forma concisa (com suas alternâncias de palavras e silêncios entremeados, sua intuitiva forma poética, sua sutileza e perenidade de ritmos de meditação), surge como exercícios de harmonização e re-ligação do espírito, concebendo e refletindo e transmitindo a Poesia de tal maneira que ela flui ativa, sem resistência e passividade fora de medidas naturais. Ser todo o processo e ter consciência dele. Ou ser consciência nele.

Mente em fluxo constante seguindo para o desapego e desfazendo obstáculos para o livre espírito. O poema quer levar a percepção a deixar de se identificar exclusivamente com qualquer coisa que seja. E isso leva a uma mudança radical e duradoura de consciência, a qual convencionaram chamar iluminação ou liberação, e o poeta chama a atenção desperta. O desprendimento dos esquemas “pré-moldados” da mente. E é preciso certa disciplina para atingir este estado de fluidez e perceber a permanência da verdadeira natureza, a origem.

Então, é esse o sentido do encontro definitivo, consigo mesmo, com o boi, com a mente-espírito. A mente livre participando/criando os eventos do/no mundo. É a partilha com a experiência do outro. É o ser a si e o alheio ser. É saber que tudo que vemos e tudo que pensamos, criamos.

Cada passo desse poema é um dedicado exercício na intenção de achar-se e desprender-se de si, a fim de perceber e atuar no estado alto da consciência, onde não há dualidades, onde não há separação. Pois permite perceber-se simultaneamente (n)a totalidade (una, indivisível em sua essência, o absoluto, o Tao, a consciência invisível e universal) e a individualidade (a multiplicidade, os manifestados, a realidade relativa, o imprevisível, os átomos, a transitoriedade). Aí cessam os conflitos e brotam atos genuínos no cotidiano.

O poema parte em busca de si, do boi da mente, da realidade última e anterior a tudo, a qual não tem nome nem forma. Começa a busca e mesmo sem saber já se trilha o caminho. É como procurar o boi estando montado nele. Vir ao mundo é o começo da busca, é o primeiro e – involuntário? – passo. Esse – primeiro? – passo torna-se o primeiro obstáculo para o ‘ver’. Nossa própria descida (queda) encerra-nos no mistério?

Ensina a sabedoria esotérica: “só há a procurar o que já se encontrou”. Mesmo assim é preciso seguir por todos os caminhos e atalhos. E ainda que em nenhum deles esteja ou seja o desejado, lá estará e será ele por todos os caminhos e atalhos... Devemos seguir, pois é preciso perder-se para poder achar-se.

E lembro-me ainda de umas palavras do poeta Novalis: “a compreender-nos totalmente nós não chegaremos nunca, mas podemos e iremos, muito mais que compreender”.

Eis o aniquilamento das necessidades inferiores. Eis o despertar para as mutações da vida diária e do eterno presente fora dos condicionamentos homogêneos de estado de consciência, impostos, exigidos pela sociedade dita civilizada, pelos poderes instituídos e pelas próprias forças advindas do inconsciente e mesmo do consciente coletivo. O poeta, como o verdadeiro religioso e mago, médico de si mesmo, cura-se com palavras e com silêncios, e não aceita nenhuma forma de governo, ele destrincha-se dos emaranhados e complexos das correrias e dos objetivos alienados de nossa atualidade, em defesa da plenitude da vida simples, da verdadeira fraternidade de tudo, do resgate das genuínas formas da vida, a retomada total do espírito. É um pouco como voltar a ser criança: não pela inocência ou pela falta de responsabilidade comuns, mas pelo interesse por tudo e a atenção livre de condicionamentos quaisquer que sejam. Amizade e amor verdadeiros a tudo e todos e ao nada de onde brotam os mais puros atos e as mais puras travessuras, palavras e coisas.




*Barbosa da Silva é poeta


terça-feira, 24 de junho de 2008

Um pequeno atrevimento editorial






Convidamos para o lançamento das Edições Flor do Sal (flordosal@uol.com.br), um pequeno atrevimento editorial, na contramão do lugar e do tempo.

Dirigido por Flávia Assaf e Adriano de Sousa, o selo estréia com a publicação de três livros em formato de bolso.

O primeiro é “O Poema do Caminhão”, um auto poético de Sebastião Vicente; o segundo, “Menina Gauche”, poemas de Ada Lima; e o terceiro, “O Pastoreio do Boi (XII poemas sobre uma parábola zen)”, de Márcio Simões.


O triplo lançamento (com a presença dos autores) será nesta quarta-feira, dia 25, a partir das 19 horas, no bistrô Chez Louis (avenida Rodrigues Alves, esquina com a rua Mossoró, em Petrópolis).

O Pastoreio do Boi, por Márcio Simões


Arco minimalista, os 12 poemas que compõem esse pastoreio apostam na leveza e na economia dos elementos para elevá-los ao máximo de sua capacidade expressiva. Sobreleva-se o uso decisivo das capitulares maiúsculas e dos sinais gráficos, assim como do próprio desenho tipográfico. De inspiração oriental, tematizam a busca pelo conhecimento da totalidade do ser e da natureza original inerente a todas as coisas. Tal jornada é aqui inscrita e simbolizada pelo processo de caça, captura e domesticação do boi selvagem, animal considerado sagrado na Índia antiga.

MÁRCIO SIMÕES (mxsimoes@hotmail.com) nasceu em Caicó-RN, em 08.12.1979. Estudou no Educandário Santa Teresinha, CEFET e Felipe Guerra. É mestrando em Lingüística pela UFRN. Publicou resenhas e artigos de crítica literária nas revistas Preá e Badalo. Tem poemas publicados nos livros IV e VI do Concurso de Poesia Luís Carlos Guimarães, da Fundação José Augusto, anos 2004 e 2006, e no do 3º Concurso de Poesia Zila Mamede, 2006.

Menina Gauche, por Ada Lima


Gauche é a palavra francesa para "esquisito", mas também serve para designar "acanhado", "desajeitado". É um termo bem conhecido dos leitores de Carlos Drummond de Andrade, autor do "Poema de Sete Faces", aquele do "vai, Carlos, ser gauche na vida".
Os poemas deste livro, publicados desde 2007 no blog "Menina Gauche", são pequenas impressões sobre coisas que parecem caber melhor em verso, porque não podem ser totalmente entendidas. Pois fazer e ler poesia é muito mais sentir, do que explicar ou entender.

”Menina Gauche” mostra pouco de rotina e biografia, e muito de inquietação, reflexão, observação, e algumas invenções e brincadeiras. Coisas que ficam no âmago até saltarem na tela do computador ou no caderno, meio desajeitadas, às vezes sem uma gota de lirismo. Mas, ainda assim, é minha voz de dentro – ou meu silêncio – em verso, com alguma poesia.


Ada Lima nasceu em 1984, em Areia Branca, Oeste do Rio Grande do Norte. Mora em Natal desde 2000. É jornalista, formada em Comunicação Social e graduanda do curso de Letras na UFRN.

O Poema do Caminhão, por Sebastião Vicente


Escrito em versos irresponsavelmente livres, O Poema do Caminhão pretende ser uma opereta de rua, uma encenação barata que se pode fazer numa praça, num beco, num oitão de casa velha.
O texto não se envergonha dessa condição – antes, a invoca. Por isso seus personagens são tão esquemáticos quanto sua estrutura. Nesse sentido, é quase didático. Mas não se engane: por trás dos seus versos fáceis, de sua fanfarronice ligeira, de sua gaiatice sertaneja, está um desejo franco de tocar a alma da multidão.
Como fazia o grupo Alegria, Alegria no centro de Natal nos anos 80. Como tentavam desesperadamente fazer os velhos circos molambentos que instalavam seus trapos nas cidades seridoenses na segunda metade dos anos 70.
O Poema do Caminhão se considera neto e bisneto dessas duas formas de arte popular. E socorre-se delas na tentativa de se fazer ouvir, declamando, cantando e dançando a poesia de um tipo de artista que, parece, não existe mais. “O circo pegou fogo, Birimba?”

Sebastião Vicente é jornalista formado pela UFRN. Trabalhou como repórter, redator e editor em vários órgãos de comunicação de Natal e Brasília, onde reside. Atualmente é editor de textos da TV Câmara, o canal de televisão mantido pela Câmara dos Deputados. É autor de três textos teatrais premiados no Concurso Nacional Funarte/Ministério da Cultural. Em 2001, ganhou o 3º. lugar com Valsa na Varanda, texto encenado no teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, 3º. lugar com A Exclusão, comédia dramática montada em Natal sob o título de Barra Shopping. Em 2005, venceu o primeiro lugar na categoria teatro infanto-juvenil pela região Centro Oeste/Norte com o texto O Poema do Caminhão. Na internet, mantém o blog Sopão do Tião (http://www.sopaodotiao.blogspot.com/).